O Dia das Mães de hoje
foi uma merda. Eu não devia ter ido. Talvez, se eu tivesse ficado em casa estaria
melhor mentalmente.
Fomos ao shopping e
chegamos cedo para pegar a mesa grande e redonda. Uma que todo mundo fica longe
um do outro e ninguém ouve o que o outro está falando. O máximo que dá pra
conversar confortavelmente é com as duas pessoas que estão à sua direita e à
sua esquerda. O barulho de multidão ajuda a piorar e o cantor cantando ajuda
ainda mais.
Fomos às 11 horas da
manhã, horário com tudo fechado. As lojas só abririam as 13 horas. É muito
legal ir no shopping com tudo fechado, a gente se sente um idiota, do jeitinho
que eu realmente sou.
Na mesa, depois que todos
chegaram, poucas conversas, poucos sorrisos. Parecia que todos estavam lá por obrigação
e talvez estivessem mesmo. São nestes momentos que eu percebo que a minha
família está quebrada.
Eu reconheço que hoje
eu não estava para interação, mas me esforcei pra ir para ver se meu ânimo
melhorava. Chegando lá, mais pessoas não estavam para interação. Meus sobrinhos
depois que cresceram ficaram muitos distantes. Distantes de mim e entre eles
mesmo. É como se eles não se conhecessem. Um “oi” é o suficiente e olhe lá. Eu
acho estranhíssimo.
Não sei se é a idade
ou se é o celular. O bendito amaldiçoado do celular. Objeto que aproxima os que
estão longe e afasta os que estão perto.
Não comi nada no almoço
do dia das mãe porque não estava com fome. Tomei apenas uma casquinha McDonald´s.
Então, eu saia bastante da mesa para andar. Uma hora quando voltei para a mesa,
tive a impressão que algumas pessoas falavam de mim pois o assunto morreu e começaram
outro.
Hoje nem fingir um sorriso
eu conseguia. Então quando me chamaram para a foto, eu recusei.
Quando já estávamos indo
embora, minha irmã falou algo do tipo “bla bla bla ... que você é uma pessoa
com muita negatividade...”. Eu fingi que não ouvi porque não estava nem com
energia para responder. Ela está errada? Não.
Pessoas depressivas
são mesmo negativas, tristes e desesperançosas. Nenhuma novidade nisto.
Eu mesmo me sinto
pesado. Talvez seja o fardo que eu carrego das coisas que me mandaram carregar
e das infinitas coisas que eu carrego por conta própria. Às vezes acho que
todos os ambientes que estou são pesados. Ou eu tenho azar ou eu sou o ser
contaminante.
A coisa está tão difícil
que talvez eu esteja despersonalizado.
Na semana passada, o combinado
era que iríamos para uma outra cidade passar o Dia das Mães lá. Fiquei
imaginando a semana inteira como seria. Criar expectativas é um grande erro que
cometo de vez em quando. A imaginação sempre vai ser melhor e mais perfeita que
o mundo real.
A realidade é muito
dura e algumas eu não consigo dizer e alto e bom som, embora eu enxergue e
saiba delas. O Dia das Mães foi ruim. Pode ser que a vida nos dê o que mereçamos.
Eduardo
Franciskolwisk